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quinta-feira, 23 de abril de 2009

Instinto

Ela anda senão feliz, pelo menos satisfeita. Não que a vida lhe corra bem, mas não pode dizer que corre mal. Encontrou motivos que pelo menos activaram uma parte de si que pensou estar condenada ao fracasso. Agora tem algo que a estimula, mentalmente, que a faz sorrir, que a traz num estado de alma tão calmo, como calmo pode ser um dia de primavera com sol e flores no campo. Já não quer sequer saber onde vai acabar mais uma história, simplesmente limita-se a vivê-la um dia de cada vez. Gosta das conversas que terminam com risadas de boa disposição, das conversas que terminam porque não há tempo, mas que terão continuação no dia seguinte e no outro e no outro ou quando houver tempo. Gosta de ser suavemente surpreendida pelas palavras inesperadas duma mensagem fora de horas, gosta de ser surpreendida pela manhã quando abre o computador, pelos beijos enviados a meio da madrugada, gosta de ser lembrada das formas mais inocentes e das formas mais cómicas, apelando aos sentidos mais instintivos do ser humano. Pela primeira vez deixa-se guiar pelo seu instinto, mesmo não sabendo onde a leva, e mesmo que não a leve a lado nenhum já valeu a pena por uma imensidão de coisas tão simples como saber que algures numa cidade meio distante existem pessoas que lhe provocam um sorriso só por existirem e terem passado pela sua vida ainda que por breves momentos.

2 comentários:

Rolando Palma disse...

É muito bom ( creio eu ) quando o instinto nos assoma e acena, dizendo: ainda aqui estou...

De vez em quando, faz-nos falta ouvi-lo... senti-lo.

Uma boa semana.

blue eyes disse...

Sim, uma excelente forma de nos lembrarmos que estamos vivos.