Ainda me lembro do dia em que o telemovel tocou a anunciar o teu nascimento. Saltei de alegria, meti-me no carro e saí a correr para te ver. Quando lá cheguei, os meus olhos procuraram-te entre os outros, e lá estavas tu, lindo, acabado de nascer para mim. De entre tantos, eras a opção menos má. Não eras como eu tinha desejado, nem de sexo, nem de aspecto, mas que podia eu fazer, mandar pintar? Resignei-me e peguei-te nas minhas mãos, desataste logo a "chorar", a tua mãe logo de volta de mim, a pedir-me que te pusesse novamente no meio dos outros. Marquei-te como meu, dali em diante serias meu. O tempo passou, eu ia-te visitar, cresceste e chegou o dia de te ir buscar. Já tinhas quase dois meses e segundo ordens da senhoria tinhas que sair. Trouxe-te para casa e depressa fizeste amizades, não estranhaste o afastamento da tua mãe. Ainda não tinha um nome para te dar, e ia ser uma decisão complicada, porque cá em casa eu já sei que nomes complicados não são atribuíveis, sob pena de gerarem confusões. Decidi que te daria um nome consoante a tua cara. Olhei para ti, e achei que eras parecido com alguém que eu conhecia desde miúda. Marco, era esse o nome que te ia dar. Só que, tal como os nomes complicados ouve logo quem viesse dizer que não tinha graça atribuir um nome desses, que o teu homónimo podia não gostar ( sei que ele até ia achar graça), e para não haver confusão decidi que não serias Marco. Como surgiu o nome que te atribui, já não me lembro, mas sei que ainda gerou comentários, e ainda hoje não o dizem lá muito bem. Na maioria das vezes chamam-te por outros nomes. Vinhas com um problema nos olhos, que só passou antibiótico( por causa dele, hoje não consigo dar-te nenhum medicamento que não seja injectável, fazes cada cena, é preciso um batalhão para te dar um comprimido) e também usei muita água de rosas. Não te tornaste logo neste fofo que és, eras meio anti-mimos, não gostavas que te agarrasse, e só querias comer ( e hoje e amanhã e nos dias todos). Fui um pouco cruel contigo, não te dei a comida na quantidade que desejavas, mas não queria um obeso em casa, por causa das doenças, e por questões de espaço. Não adiantou, questões genéticas não podem ser assim contrariadas, e lá te tornaste neste colosso que hoje és. Com o passar dos anos, foste como cotumo dizer, refinando, melhorando como o vinho do porto, até te tornares num dependente de mim, da minha companhia, da minha presença para te alimentar. Está aqui ao lado, sentado na mesma cadeira que eu, embora nos outros dias estejas no braço do sofá a olhar-me enquanto digito as palavras no teclado, enquanto esperas que me vá deitar, para ires comigo. Já gostas de mimos, de receber e de dar, já gostas de ficar ao colo, e já gostas de ficar debaixo dos cobertores, sem atrofiares, pudera por vezes as noites são mesmo muito frias.
Adoro esses teus olhos enormes, adoro que me adores. És o meu meninão, como te chamo, o meu nino lindão. Tens a cor que os teus genes permitiram, e hoje já não penso que queria uma menina toda cinzenta, tenho-te a ti, meu gatão. Elvis o Gato, nome de registo, e para que conste, és o rei sim, mas do meu coração.
3 comentários:
Linda, esta homenagem ao teu companheiro.
Eles merecem :)
É lindo o Elvis :)
E gostei muito do texto!
E pensar que este ano, em Abril fará 10 anos. Mas é um lindão, um autêntico borracho, lol. É mais giro ao vivo, nas fotos nem por isso, faz sempre cara feia. Agora por causa da idade vi que ele é tigre no signo chinês como eu, lol.
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